Daqui a dez anos os canais generalistas de tv não vão existir. Há três factores que contribuem para isto: a evolução técnica vai melhorar de modo dramático a experiência de consumo de vídeo online, disponibilizando mais conteúdos de alta definição prontos a consumir quando se desejar. Este facto vai provocar a derradeira crise do modelo de negócio, visto que os custos estruturais dos canais de tv deixarão de ser comportáveis com menos espectadores e com menos receitas publicitárias. Tudo isto ao mesmo tempo que ocorre a mudança de paradigma do consumo vídeo, que até agora era feito de modo passivo e vai passar a ser activo – o espectador escolhe o programa que quer ver à hora que lhe apetece, o intervalo com anúncios desaparece e o negócio da plataforma de distribuição deixa de fazer sentido.
Neste novo modelo algumas coisas se irão manter tal como estão, ou quase. Vão continuar a existir canais temáticos, porque há muito dinheiro para os programadores ganharem nos canais de desporto, sexo, música, informação, etc. Os anunciantes vão continuar a fazer parte do negócio de fornecer conteúdos a quem os quer. E claro que não vão deixar de existir programas, antes pelo contrário, a qualidade de produção será um bem cada vez mais estimado.
A questão é que os produtores de conteúdos se irão disseminar, os fornecedores de conteúdos migram para a net e os consumidores passam a ser os decisores. Tudo boas notícias. Mas alguém em Portugal se está a preparar para isto?