terça-feira, 29 de junho de 2010

Dois anos para uma nova televisão

Daqui a um par de anos a experiência de ver televisão será muito diferente. Ao mesmo tempo que se prepara a migração para o digital, aumentando muito a experiência de ver tv em termos de qualidade, está-se a preparar uma plataforma que coloca todos os conteúdos da internet dentro da televisão e à distância de um par de cliques. No Reino Unido, a BBC está a desenvolver um protocolo unificado para televisão na internet. É o Project Canvas, um consórcio confirmado ontem que quer criar um esquema para permitir aceder aos conteúdos web a partir da tv. Lá o argumento é o da maior liberdade de escolha, incluindo para os que optaram por não aderir aos serviços de pay-tv. No mesmo sentido vai a Google Tv, que arranca daqui a seis meses e promete uma revolução nos hábitos de consumo de televisão. Em ambos, a ideia é a mesma: unificar a imensa escolha dos conteúdos disponíveis na net (a plataforma) e disponibilizá-los através da tv (o interface). Passa a existir mais poder na mão dos consumidores, que ficam totalmente independentes de horários, fornecedores e distribuidores de conteúdos. A evolução dos hábitos e o aumento da qualidade dos conteúdos permite antecipar que o modo como vamos consumir tv daqui a um par de anos seja muito diferente.

Este cenário tem implicações tremendas para a própria experiência de consumo de tv, porque mexe com a publicidade, com a distribuição de sinal, com as audiências e com a sustentabilidade do negócio-televisão como o conhecemos hoje. Se este formato vinga – e tudo parece apontar nesse sentido –, será a profissionalização do vídeo na web, incluindo mecanismos para rentabilizar o conteúdo. Debaixo de fogo passam a estar os canais de tv, exactamente como há dez anos estiveram os jornais. E quanto ao futuro destes não há muito a dizer.

Há aqui dois aspectos importantes: um é o formato, visto que as estações de tv passarão a ser qualquer coisa parecida com canais de Youtube personalizados. Outro é o conteúdo, pois iremos optar por canais na estrita medida em que eles tenham um factor diferenciador que justifique a escolha. Passo a explicar. Se eu quiser ver o CSI não vou em busca da SIC nem ao AXN, vou ao motor de busca e digito «CSI + legendas pt» e acedo directamente ao conteúdo que pretendo; mas se quiser ver desporto, já sou capaz de digitar «Sport Tv» (ou Mezzo se quiser música clássica). E tudo se resume a uma questão de identidade.

Neste sentido, quem mais vai sofrer com estas mudanças são os canais com menos identidade: os generalistas. São eles que estão mais dependentes dos humores do mercado, que mais sufocam com as audiências e consequentes receitas publicitárias, e os que mais vezes são acusados de «serem todos iguais». Como em quase todos os negócios da era digital, sobrevivem melhor os inovadores, em detrimento dos tradicionalistas. Faltam dois anos, e tal como nos jornais há uma década, ninguém parece muito preocupado com o assunto.

Esta questão da identidade dos canais merece outra conversa, para um destes dias – é assunto bem mais trabalhoso.

Diogo Queiroz de Andrade

sábado, 8 de maio de 2010

A RTP, o futebol e o Papa

Andou-se para aí a discutir que a RTP não devia renovar o exclusivo da Liga Portuguesa de Futebol, porque é mau negócio. A lógica do raciocínio escapa-me: as transmissões de jogos são sempre os programas mais vistos em tv e os que atraem mais publicidade, logo, mais dinheiro. Se as receitas cobrem os custos, qual é o problema? É a RTP dar menos prejuízo? E se são os mais vistos é porque são os que têm mais espectadores (uma lapaliçada para que se perceba bem o que se discute), logo é porque é popular e em princípio faz sentido numa tv pública que se quer também popular.


Agora vem cá o Papa, e o raciocínio pode-se aplicar da mesma forma. Deve a televisão pública gastar dinheiro a mostrar o Papa? Deve, porque é popular e corresponde aos desejos dos espectadores e cidadãos – que apesar das elites, gostam do Papa e de futebol. Eu, que gosto muito mais de um bom jogo de futebol do que de uma missa papal, percebo perfeitamente que o Estado gaste o meu dinheiro em ambas as transmissões. Para dizer a verdade, até gosto mais de um mau jogo de futebol do que de uma boa missa papal, mas a lógica do imperativo de transmissão na tv pública é o mesmo - e é admissível o uso do argumento de serviço público em ambos. Claro que o argumento da popularidade não chega para sustentar uma ideia de serviço público, mas estamos aqui a falar de entretenimento directo, inócuo e que dá lucro. Repito que me escapa o raciocínio que condena um bom negócio comercial que dá dinheiro e espectadores a uma estação que está no mercado em busca de ambos.


Para o bem de todos, a TVI acabou por ficar com a proposta de emissão dos jogos e resumos da Liga Portuguesa. Isso significa que fez uma proposta mais alta, e é lógico pensar duas coisas: a) a TVI achou que o futebol vale o que pagou e que o consegue recuperar em publicidade; b) a TVI sabe que o futebol tem um valor em grelha que se estende para outros programas, e prefere ter essa vantagem do que deixá-la nas mãos da concorrência. Ou seja, aplicou as leis do mercado e ganhou, pagando mais que a RTP e esperando ainda assim rentabilizar o seu investimento.

Parece-me óbvio que no fundo o que se quer discutir é a lógica de ter um canal público a emitir em sinal aberto concorrendo por publicidade com os privados. Essa é uma discussão útil, lógica e se calhar urgente. Mas não tem nada a ver com os direitos dos jogos de futebol – e mais vale não misturar as coisas. incompetente seria a direcção de programas se não procurasse disputar essas audiências. Assim, esta direcção da RTP fez o seu trabalho. Só isso.


Como de costume os comentários são bem vindos e as discussões são bem recebidas.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

A promoção de Esta Rua é Minha já está online

Tal como referimos no último post, estava a ser preparada uma campanha nas redes sociais para promover o documentário Esta Rua é Minha, que é hoje lançada.

Para além de uma página no Facebook, o Mário tem também um blog e um Twitter. Serão usadas mais ferramentas online mas que só serão reveladas com o decorrer da promoção.

Estejam atentos, aqui ficam os links:




quinta-feira, 8 de abril de 2010

Documentário Esta Rua é Minha

Esta Rua é Minha é a próxima produção VItriMedia a chegar a vossa casa. Um documentário no íntimo da pequena Lisboa, na Rua das Portas de Santo Antão, que terá em primeiro plano um dos seus mais carismáticos habitantes, o Mário.

Será através da sua história, com mais de quarenta anos passados na baixa alfacinha, que o Mário transportará constantemente o telespectador para a história da própria rua. Dois relatos que para além de se misturarem, revelam o vinculo afectivo que existe entre o local e seus habitantes.

De resto, o Mário é uma pessoa comunicativa e com episódios pitorescos para contar, sob o ponto de vista privilegiado de quem mora desde os nove anos de idade num sítio tão popular e tradicional.

A data de exibição do documentário será dia 24 deste mês, na RTP2. Vamos lançar a promoção especial e, com ela, facilitar uma interacção efectiva e real com o Mário - e aproveitar para discutir os temas que quiserem, da história do Coliseu ao problema da desertificação do centro da cidade. Esta será a melhor forma que temos de agradecer a hospitalidade com que fomos recebidos.

quarta-feira, 31 de março de 2010

Novo membro da equipa VitriMedia


Aqui está ele! O mais recente membro da equipa VitriMedia: Temos o prazer de apresentar o Ivo Martins, que está a trabalhar connosco na área da comunicação online. Ele já anda a mexer nos nossos facebook e twitter, por isso se a coisa falhar já sabem de quem é a culpa. Lol.

Escolhemo-lo porque ele combina muito bem a irreverência com o conhecimento das redes sociais. Algures entre a filosofia, as relações internacionais e o turismo, tem um percurso marcado pela criatividade que muito ajudou a que tenha sido ele o nosso escolhido.

Podem ficar com uma ideia do trabalho dele em www.twitter.com/odesfraldado ou podem espreitar a secção equipa do nosso site, em www.vitrimedia.com. Daqui a uns dias vamos lançar uma campanha coordenada por ele, por isso fiquem atentos!

sexta-feira, 12 de março de 2010

Análise das candidaturas a um anúncio de emprego


Nota: este post refere-se a um anúncio colocado pela VitriMedia no dia 10 de Março de 2010 (procura-se criativo para redes sociais).


Creio que um processo de candidatura merece retorno, para além de respeito, como é óbvio. Julgo que uma maneira de agradecer pode ser esta: uma resposta em que ficam algumas pistas sobre o modo como estas coisas são analisadas e como estes processos decorrem. Não pretendo ser exemplar, e sei que algumas coisas que seguem deixarão de cabelos em pé muitos departamentos de recursos humanos. Mas creio que quem anda à procura de emprego não vai desperdiçar o tempo que demora a ler as linhas que se seguem. Obviamente, estão desde já convidados a comentar e a prolongar esta conversa, em público ou em privado (os meus links seguem no fim).

O nível geral das candidaturas foi muito bom. Recebemos, em 48 horas, 213 candidaturas. Destas, 10% eram de paraquedistas (gente sem qualquer apetência expressa para comunicação e que manda o mesmo cv para todo o lado), 5% eram de sobrequalificados para o trabalho (gente muito pró, já batida em campanhas online), 70% de pessoas perfeitamente capazes (que podiam trabalhar muito bem a campanha mas que por uma ou outra razão não tinham o perfil exacto), e 15% de pessoas que se adaptavam na perfeição. Em resultado, passei dois dias e duas noites a ler blogs, a pesquisar fb e tw, e a entender modos de comunicação online. Não foi de todo um sacrifício: encontrei muita gente verdadeiramente criativa, li textos brilhantes, vi abordagens muito interessantes aos meios online. Guardei alguns Cv para memória futura, recomendei alguns textos a amigos, e acima de tudo aprendi muito.

Deu para confirmar algumas tendências: que o facebook é omnipresente, que o twitter é ainda pouco utilizado pelas faixas etárias mais jovens, que há vários blogs muito interessantes, que as pessoas provavelmente acabam por expor mais online do que aquilo que gostariam ou deveriam.

Voltando ao processo de selecção: este é sempre um mecanismo ingrato. Não quer dizer que a pessoa escolhida seja melhor que esta ou aquela pessoa que se candidatou. Neste processo de selecção, tal como noutros, o que interessa é que o candidato corresponda a um determinado perfil que o empregador tem em mente. Neste caso o que queríamos era alguém com capacidade de comunicação (implicava saber escrever bom português), criativo, e com domínio das várias ferramentas de comunicação online.

Por isto, excluí logo na primeira triagem quem não tinha pelo menos dois meios online de comunicação (facebook/twitter/linkedIn/youtube/blogs/blip, ou outros). Excluí também quem tinha erros de português no Cv ou nos textos online (não falo de gralhas como «trablho», falo de erros como «disses-te» ou «à dez anos». Chamem-me antiquado, mas creio que quem não sabe escrever (ou não se dá ao trabalho de rever) o próprio Cv fará o mesmo num futuro emprego. Na segunda triagem, dada a excelente qualidade média das candidaturas, optei por destacar quem melhor escrevia – o que implicou deitar fora quem usa outros meios de expressão preferenciais, como a fotografia, o design ou a ilustração (esta foi a fase em que terei corrido mais riscos de ser injusto, mas o que necessitava para o projecto em concreto era de boa escrita). Na terceira fase, tentei perceber quem melhor promovia a sua própria marca – fosse através de uma carta de apresentação original, de uma postura online diferenciada conforme o meio, de abordagens criativas nos blogs, etc. Na quarta fase, entrevistei sete pessoas – todas elas excelentes e que se revelaram surpreendentes na entrevista. Para além dos entrevistados, mandei mais cinco mails a pessoas com quem quero falar para outros projectos e guardei onze emails cujos autores espero contactar a breve prazo no desenvolvimento de projectos futuros.

Creio que consegui o que procurávamos, que era alguém capaz de interpretar a nossa política de comunicação online (já agora, ela é pública e está aqui) e de a adaptar a um projecto difícil de comunicar. Para isso queríamos alguém criativo, irreverente, rápido a pensar e com boa capacidade de escrita. Estamos muito satisfeitos com a escolha, mas em última análise serão vocês, a comunidade online portuguesa, que dará conta da qualidade do trabalho que foi feito. Para a semana vamos apresentar aqui no blog e no nosso site a pessoa escolhida. Resta-me agradecer a vossa candidatura. Espero sinceramente poder vir a trabalhar com muitas das pessoas verdadeiramente brilhantes com que me cruzei virtualmente, pelo que vos convido desde já a responder às nossas próximas consultas ao mercado.


Diogo Queiroz de Andrade


dqandrade@gmail.com | www.vitrimedia.com | www.twitter.com/dqandrade | www.facebook.com | www.linkedin.com/in/dqandrade

Regresso do Blog


Este site vai ser reactivado dentro de momentos.